Está uma ventania danada no Jaú, dessas de vergar árvores novas e ameaçar as já formadas. Vento de rajadas, que faz uivar as janelas. Noite de vento, noite dos mortos, dizia a velha Bibiana, personagem da saga de Érico Veríssimo, em O Tempo e o Vento.
Aqueci-me na churrasqueira. Vez em quando me arrisco também a assar as carnes ao calor da brasa. Churrascada estritamente familiar. Léa, já sem a tipóia, preparou gostoso vinagrete, temperou as coxinhas das asas de frango, que foram para a grelha. Botei no espeto os corações, a linguiça, o miolo de alcatra. A picanha deixamos para queimar outro dia.
Fui provando um tanto de tudo, de modo a ver se estava no ponto. Ao servir, já estava empachado, mas acompanhei. Eita! Ao depois veio a caipirinha, que a cachaça na ventaneira só faz bem ao corpo e torna o mundo mais interessante. Trini Lopes, Léa e Maria Eugênia cantam Quiçás, quiçás, quiçás.
Momentos como esse fazem a aventura de existir valer a pena, apesar do caos, dos políticos, da violência, da carestia, da falta de cortesia, dos reveses. É na cumplicidade, na simplicidade, na desafetação que as coisas acontecem.
Dissabores vêm e vão com o vento. Há um ditado que reputo chulo, mas muito pertinente e que transcrevo, com o perdão dos puritanos. "Se a vida lhe der as costas, passe a mão na bunda dela." O negócio é aproveitar, porque a dita cuja é uma só.
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