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terça-feira, 20 de julho de 2010

Moleque Indigesto


Quando estou a escrever no escritório que montei em casa, sobre a velha mesa que compunha o mobiliário de outro escritório, o de meu pai, invariavelmente me vem à mente a imagem do genitor. Sinto uma saudade que não arrefece e as lembranças se apresentam, cheias de ternura, carregadas por momentos singelos.

Caso passe longe a doença de Alzheimer, jamais esquecerei, por exemplo, do pai versejando, rimando aleatoriamente palavra e outra, cantando modinhas, como Moleque Indigesto, marchinha de Lamartine Babo, gravada na RCA Victor em 1933 por Carmem Miranda e pelo próprio Lamartine.

A primeira vez que ele cantou, perguntei imediatamente o que significava fumar a Yolanda, fosse quem fosse a distinta, ao que pacientemente ele explicou tratar-se da marca de um cigarro muito popular no passado. Com o perdão dos modernos, compartilho com os leitores letra e gravação original.


Moleque indigesto

Eta, moleque bamba!
Pega a cabrocha
Pisca o olho e cai no samba

Esse moleque, sabe ser bom
Faz o "footing", lá no Leblon
Bebe, joga, fuma Yolanda
Toca trombone na banda

Esse moleque, é de encomenda
Já foi vaqueiro numa fazenda
Pega, pega, como ninguém
Aquelas vacas de cem

Esse moleque, é bom rapaz
Tem um defeito, come demais
Come! Come! Não deixa resto
Oh! Que moleque indigesto!

3 comentários:

  1. Lembro que há também uma música do saudoso Charutinho, o JOão Rubinato, mais conhecido como Adoniran Barbosa, que fala do cigarro Yolanda:
    "Tocar na banda pra ganhar o quê? Duas mariola e um cigarro Iolanda".

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  2. Que época maravilhosa!!! Quando fumar um cigarro não era politicamente incorreto e o Serra também não apitava.

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  3. Que época marivilhosa! Fumar não era politicamente incorreto e o Serra não apitava.

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