Advogados

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz 2010!

Aos prezados leitores, amigos, parentes, a todos os viventes, enfim,

um Ano Novo repleto de saúde, alegria e realizações!

Boas entradas a todos!

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Gramofone


Fundada por Fred Figner em 1900, situada no Rio de Janeiro, à Rua do Ouvidor nº 107, a Casa Edison (nome-homenagem a Edison, o inventor do fonógrafo) foi a primeira firma de gravação de discos no Brasil. Também comercializava gramofones e tinha representantes comerciais em todo o País, inclusive em Jaú, como se vê na publicidade acima, publicada no jornal Comércio do Jahu, em meados da década de 1910.


sábado, 26 de dezembro de 2009

Receita de Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo,
remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que e tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

(Carlos Drummond de Andrade)
Texto extraído do "Jornal do Brasil", Dezembro/1997.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Mais uma de Eça

"O que resta a cada um por prudência é reunir um pecúlio e adquirir um revólver; e aos seus semelhantes que lhe baterem à porta, dar, segundo as circunstâncias, ou pão ou bala."

Eça de Queirós

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Homenagem a Marcos Rey

A Saraiva MegaStore Shopping Center Norte prestará homenagem a Marcos Rey, escritor, ex-diretor da União Brasileira de Escritores (UBE) e criador do Prêmio Intelectual do Ano - Troféu Juca Pato, no Espaço Cultural Marcos Rey, no dia 9 de dezembro, quarta-feira, às 19:30 horas, na Livraria Saraiva MegaStore do Shopping Center Norte, em São Paulo.

O evento contará com a presença de Palma, viúva do homenageado, que responderá perguntas do público. Será oferecido coquetel aos convidados. Tel.: (11) 2252-2110. www.saraiva.com.br

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A perda

Perder é verbo que corria-lhe nas veias. Desde a infância foi assim, acostumado a não vencer, malograr-se, deixar fugir – desditas que se entranharam com tal força que não causavam mais dor ou desaponto. Era um estado normal, por assim dizer.

Na adolescência, teve supresso o juízo; na juventude, as oportunidades; na vida adulta, deixou de se respeitar.

A ruína moral veio na esteira. Perdeu a inocência, a razão, os pais, a alegria, a mulher, os filhos, o emprego, o amor-próprio, os cabelos, os dentes. Por fim, perdeu a vida. E, então, ganhou.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Panacéias

Em pesquisas cotidianas nos antigos exemplares do jornal Comércio do Jahu, deparo com inusitada publicidade, publicada em julho de 1941, do Elixir 914, panacéia recomendada para reumatismo, sífilis e outros.

O texto:

Tenha Juízo

Grande crime casar doente.
Grande número de homens casados que em solteiros adquiriram doenças secretas, ficaram com elas crônicas, eis a razão porque milhares de senhoras sofrem sem saber a que atribuir a causa desses casos. Para recuperar a saúde bastam alguns vidros de Elixir 914

Havia também, naqueles idos, as Pilulas do Abbade Moss, eficacíssimas para prisão de ventre, fígado, mau hálito, palpitações, gases, peso no estômago, gênio irascível e calor na cabeça.

Entrega do Troféu Juca Pato

No próximo dia 30 de novembro, às 18h, no Salão Nobre da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, Largo de São Francisco, nº 95, se realizará solenidade de entrega do troféu Juca Pato à escritora Lygia Fagundes Telles, eleita Intelectual do Ano de 2008, em concurso promovido pela União Brasileira de Escritores. Após a cerimônia será servido coquetel na Sala São Leopoldo.

Frase

"Onde não há saia, não há ordem!"

Eça de Queirós

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Academia Paulista de Letras comemora 100 anos

Nesta quinta-feira, dia 26 de novembro, às 18h30, a Academia Paulista de Letras comemora 100 anos, no Teatro do CIEE. Durante todo o ano de 2009 a entidade recebeu homenagens de diversas personalidades e associações, além de ter lançado o livro do centenário de autoria do presidente da Academia, José Renato Nalini, e do fotógrafo Marcio Scavone.

O evento desta quinta-feira terá início com o hino nacional brasileiro, pelo Coral Madrigal Sempre En Canto, com regência da maestrina Regina Kinjo.

Em seguida, pronunciamentos de Ruy Martins Altenfelder Silva, presidente da Academia Paulista de Letras Jurídicas e do Conselho de Administração do CIEE; Cícero Sandroni, presidente da Academia Brasileira de Letras; Luiz Gonzaga Bertelli, presidente da Academia Paulista de História e presidente executivo do CIEE; José Renato Nalini, presidente da Academia Paulista de Letras; Paulo Bomfim, decano da Academia Paulista de Letras. Por fim, haverá apresentação de concerto musical, regido pelo maestro João Carlos Martins. Após o evento, será oferecido coquetel de confraternização no Foyer do Espaço Sociocultural, no teatro CIEE.

Informações:
O Teatro CIEE fica na Rua Tabapuã, 445 – Itaim Bibi – São Paulo.
As inscrições podem ser feitas gratuitamente pelos telefones (11) 3040-6541 / 3040-6542

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A mulher

A mulher fez a passagem e sequer havia se dado conta. As últimas lembranças eram as das recusas em série, sequências infindas de nãos e as portas a baterem-lhe a cara.

Vendia cosméticos em domicílio, trabalho que lhe rendeu uma coleção enorme de amizades e bons tostões no decurso dos anos. Houve, então, que as donas-de-casa, aquelas mulheres gentis sempre prontas a recebê-la e tomar informações sobre os rouges, os pós-de-arroz, batons e esmaltes, foram desaparecendo como por encanto.

Ultimamente, em suas manhãs e tardes, deparava com casas vazias. Agastava os dedos nas campainhas, mas as moradoras não mais atendiam. Onde foram parar? Não raro, a porta era aberta por um homem, que tratava de dispensá-la de pronto, sob a alegação de que sua mulher não estava. Estranhou, mas persistiu até quanto foi possível. Em um final de tarde, num dia que retornava a casa sem ter vendido ao menos um vidro de esmalte, sentiu-se abater por um desalento incomensurável. Foi quando tudo se deu.
A vista se anuviou, as pernas bambearam e o resto foi negrume. Fez a passagem. Não, não foi o desencarne. Atravessou o portal para onde vão os desestimados, os esquecidos, os deslocados, as gentes que perderam as funções. Uma existência paralela, que há aqui, a meu lado, ao seu, sem ocupar o mesmo espaço, mas que a maioria não se dá conta. Por falta de interesse. Ou de tempo. Ou os dois.

A mulher deparou com outras pessoas, uns atônitos tais como ela; outros tantos repetiam gestuais ou executavam trabalhos, aos quais se entregavam quando viviam do outro lado. Estavam lá os braçais que limpavam as ervas das frinchas dos paralelepípedos, os carroceiros que entregavam pão, leite e miúdos de frango, os vendedores de enciclopédias, amoladores de facas e tesouras, ferradores, seleiros, beijueiros, gentes às quais o mundo moderno pôs de lado, sem piedade.

À sua frente, do nada, brotou um engraxate. A seu lado, surgiu um vendedor de raspadinha. Mais adiante, o homem do algodão doce, o sapateiro, a quituteira. A mulher passou a se dar conta de que não avistava mais esses trabalhadores em seu cotidiano de há tempos.

De primeiro, chorou. Tantos haviam desaparecido, sem que sentisse falta, até que ela mesma viesse engrossar a lista. Sentiu saudades de um mundo que deixara de ser. Quanta cegueira, lamentava. Como não se apercebera que ninguém mais lhe tentava persuadir, à porta, a comprar a Barsa, a coleção de Monteiro Lobato? O que foi feito de tudo?

Secou as lágrimas e seguiu, entre os desencontrados, a oferecer de longe em longe seus batons.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A verdade sobre o apagão

Circula na rede uma explicação mais convincente que as falas vazias da Dilma para o apagão

Diz que a engenheira estagiária, loira, ficou até mais tarde em Itaipu, colocando o serviço em dia ... e .... antes de sair .... apagou tudo ... simples assim ....

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Apagão


Fatores atmosféricos e condições metereológicas adversas culminaram no desligamento de todas as turbinas do meu cérebro e provocaram um apagão sem precedentes em minha realidade. Cessaram-me as vontades, a iniciativa, a capacidade de indignação; temporariamente vegeto, ainda que não tenha assumido aparência arbustiforme.


Ânimo, diria minha mãe se viva fosse. Sua voz ainda ecoa, suave, através dos anos, o semblante sereno, às vezes triste, mas sempre lindo. Tudo na vida resplandecia tranquilidade à sua presença, mesmo quando, vitimada por uma isquemia, andava com dificuldade, auxiliada por uma centenária bengala, que pertencera a Josué Carneiro de Lyra, um tio-bisavô, salvo engano.

Nostalgia. Resta grande a saudade de colo de mãe.

domingo, 1 de novembro de 2009

Finorinho

Abaixo, trecho do conto Finorinho, que faz parte de outro trabalho, que também está sendo concluído. Eita que vamos. Segue aí:


Arlindo não sabe precisar o exato momento em que desmoronou na frente de todos, na festa de aniversário do Martins. Sentiu que estava apagando, apagando, apagando e caiu como que um prédio no instante de sua implosão. Um desfalecer em slow motion, por assim dizer.

Foi um corre-corre danado. Os mais próximos cuidaram de acudi-lo; os mais distantes, instigados pela curiosidade, esticavam os pescoços. O que aconteceu? A versão majoritária era a de que, sendo um bebedor contumaz, o bruto embriagou-se tanto que deitou com os arreios.

Mas, na verdade, aconteceu que Arlindo, mais um casal de amigos que não via há muito, se postaram perto da churrasqueira, de costas para os outros convidados e, em absoluta discrição, aproveitando o vento favorável e a Lua em Júpiter, acenderam um baseado. De ótima procedência, por sinal, segundo se comentou.

Arlindo não se permitia a uma estultícia daquelas havia pelo menos uns bons vinte anos. Foram só uns peguinhas, mas o bastante para que a pressão arterial despencasse, levando consigo o corpo franzino para o chão.

Domingo

Aproveitei o domingão para ver os detalhes do acabamento da casa que erigimos. Concepção da Léa, que modéstia a parte, tem um talento inegualável. Está simplesmente espetacular. Tudo o que ela projeta vira arte.

Temos em comum o gosto por materiais que remetem às antigas sedes das fazendas paulistas e mineiras. Buscamos material de demolição e encontramos tijolos, portas, janelas, muita coisa.

O alicerce e boa parte das paredes levam tijolos que foram de casas de colônias da Fazenda Sant'Ana do Jardim, condomínio rural do qual somos sócios-proprietários. Portas, janelas, ladrilhos hidráulicos, fomos garimpando em uma e outra reforma ou demolição.

Creio que dentro de mais três semanas o Sobrado será nosso lar, nosso castelo, nosso ninho. Não vejo a hora.

sábado, 31 de outubro de 2009

Saudade

Elas estão no quarto 316. Grande Hotel Glória. O mesmo no qual passamos a lua-de-mel em outubro de 2005.

Fiquei. O jornalismo tem dessas vicissitudes: os plantões aos sábados e feriados, tal como médicos e policiais. Só que o jornalista, no interior ao certo, ganha menos que profissionais das duas outras carreiras.

O Grande Hotel Glória, em Águas de Lindóia, foi construído na década de 20 e preserva suas características, restaurado de acordo com o projeto original. É belíssimo. Todo o hotel, até as banheiras, é abastecido com água mineral, que vem direto de uma das fontes próximas. Há um tunel que liga o hotel ao balneário.

Elas estão no 316 e sinto no peito uma saudade louca e a necessidade de resumí-la em uma frase: Léa, obrigado porque você existe, Menina Linda.

Preguiça

A preguiça é a mãe do progresso. Se o homem não tivesse preguiça de caminhar, não teria inventado a roda.

Mário Quintana

O retorno

Bom, gente... sei que a coisa está devagar, quase parando, pelo que deixo aqui minhas desculpas. A idéia era atualizar esse blog diariamente, mas ocorrem coisas às quais denominamos alheias à nossa vontade e o caldo por vezes entorna.
Hoje não há quem não proteste pela falta de tempo. Até o Mingão, do Disk Cerveja, tem lamentado.

Nas últimas semanas estive trabalhando na conclusão de um novo trabalho, um livro, que já está na revisão. Demandou pesquisas, horas no computador, entrevistas e contatos aqui e ali, mas terminei.

Pretendia lançar o bruto ainda este ano, mas talvez não haja possibilidade. Há prazo da gráfica, provas, todas essas coisas. E já fechamos outubro, primavera quente.

Sempre fui da corrente a professar que o destino somos nós que traçamos. Ultimamente, entretanto, minhas certezas têm sido postas à prova. Há um componente com o qual jamais esperei contar: os tais motivos alheios à minha vontade. O Émerson, do banco, ligando para eu cobrir a conta é um deles. Totalmente alheio.

Mas estamos aí, para o que der e vier.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Frase

"A demasiada atenção, que se dedica a observar os defeitos de outrem, faz com que se morra sem ter tido tempo para conhecer os próprios."

La Bruyère

sábado, 5 de setembro de 2009

Toda manhã será bem vestida

Amanhece novamente e o Sol irradia sua luminosidade ofuscante e crua nas ruas que descem por entre vales estreitos, bares, cafés e praças em forma de feijões.
Um velho drogado tosse e cospe na manhã doente, nas poças, no esterco que as sombras deixaram em seu rastro. Talvez seja um domingo. Sempre se encontra um moribundo cuspindo e pigarreando num domingo.
Das casas pendem cortinas róseas e sujas, enquadrando, nas janelas, vultos gordos e amanhecidos. Uma negra simpática se precipita sobre o tanque e uma ibérica com um traseiro descomunal recolhe suas rendas do varal e canta comovida, com sua bocarra de réptil, uma ode qualquer.
O gari, ainda embriagado, reclama e maldiz sua vida e varra a sujeira, varre a vida, a sujeira e a vida e coça seu septo podre e pisa em sua própria condição nefasta e sorri com os dentes amarelados, um riso vazio de vingança.
As pessoas passeiam em bandos, montes de gralhas alegres, com seus trapos coloridos, as crianças saltam, gritam e as prostitutas sonolentas recolhem suas pernas para vendê-las logo mais, ao anoitecer.
Lentamente a cidade vai despertando, os primeiros veículos aparecem timidamente, rasgando o silêncio fúnebre e os sinos dobram nalgum ponto distante, chamando os pecadores e os zumbis, que se apressam em pulinhos graciosos em busca de suas doses semanais de alívio interior.
A manhã se firma com vontade e o velho drogado esmaga suas lêndias, enquanto observa o minúsculo engraxate oferecer seus serviços na calçada quente.
Há um aglomerar de transeuntes, grupos que se entregam a conversas virulentas, com olhos pétreos, remelentos. Um homem trajando paletó marrom e ostentando costeletas pegajosas, relata, com detalhes, as atividades amorosas que manteve na noite anterior.
Seres sem face, com sede precoce, bebericam no boteco da esquina, onde um gordalhão triste sorve, em uma só talagada, a cachaça amarga e gesticula para espantar os fedelhos melados de sorvete que o rodeiam e zombam e só descansam quando o bruto cai, se quebra e seus cacos são chutados pelo senado e o povo de Roma.
Na alameda, a mulher alta, com rosto de pêra, se insinua para o padeiro que parece não compreender o que ela pretende ou simplesmente não se deixou atrair por suas pernas de jaboticabeira.
Nas ruas centrais, ricas madames obesas e aerófagas cacarejam e mugem, sacolejando suas estrias em gargalhadas de lontra. Pamponeta-peta-perruge-peta-perruge-pe-tlim – brincam os petizes. O soldado infeliz abre os braços ao firmamento, orientando os vultos descerebrados que transitam entre melancias, pepinos e carrapatos da feira precária. Fiéis, infiéis, adúlteros e adulteras se liquefazem na saída do templo, com uma débil felicidade e tomam seus rumos incertos e vagos.
A manhã se esvai em raios multiformes, vestida pela tarde amena. Os cristãos estão amedrontados na arena e o garboso homem de toga branca baixa o polegar num gesto solene e premeditado. As feras são soltas e os gritos se espalham entre buzinas e os carros. A vida sangra. O velho drogado lava suas mãos.

14/11/1986

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Tá chegando

Contrações, contrações!!
Logo a bolsa vai estourar!
Estou perto de concluir.
Eita!!

sábado, 29 de agosto de 2009

Escrever

Escrever é um ato solitário, que requer uma mistura peculiar, antagônica por vezes, de silêncio, concentração, alheamento do espírito e devaneio.
É quase um processo de loucura, que nos obriga ao mergulho na busca de fisgar uma palavra, uma frase, um sentido. Exercício de garimpo e encanto. Nunca bem compreendido.
Cá estou a rever textos que publiquei na década de 1980, dando-lhes nova roupagem, enxertando um tanto aqui, eliminando parágrafos lá. Tudo está sendo reunido com material recente, que pretendo parir em meu próximo livro, já em gestação.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Pensar com o quê?

"Existem duas classes do homem de mídia: a que pensa com a cabeça, age com o pensamento, debate idéias e não idealizadores. E uma outra que manufatura a mentira e ataca diretamente o ser humano. Esta última, eu diria: pensa com a bunda."

(Do advogado Antonio Gonçalves da Cunha, falando em nome da OAB-Jaú, em uma cerimônia de desagravo a um colega de profissão, que fora ofendido por um radialista local, em outubro de 1988)

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Cara do Brasil


O show de Rolando Boldrin foi excelente. Cantador, compositor, ator, poeta, escritor, fez um espetáculo delicioso no Caiçara Clube de Jaú.


Contou causos divertidos e interpretou com maestria músicas que já se tornaram verdadeiros clássicos, como Eu, a Viola e Deus, Amor de Violeiro, Vide-vida Marvada, Aquela Flor, Seresta, Saudades de Matão e Mágoas de Carreiro (que a Léa adorou).


Tudo valeu: o show e a companhia. Depois do espetáculo, fomos jantar no Calzone: picanha de cordeiro assada. Ainda com Boldrin na cabeça, não resisti e pedi um digestivo: cachaça artesanal, que é danada de gostosa e abre o apetite.


Rolando

Eita! Hoje é dia de show com Rolando Boldrim aqui, no Jaú.
Estamos nos aprumando para ver o artista cantar seu repertório de músicas raizes e contar os causos deliciosos.
Até

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Frase

"Desmatamento - Não há exemplo mais típico de um progresso às recuadas. Vamos para o futuro sacrificando o futuro, como se andássemos nas vésperas do dilúvio."

(Euclides da Cunha)

terça-feira, 11 de agosto de 2009


O sonho

Era um sonho – desconexo como a maioria deles – ainda que não o soubesse, porquanto tudo era verossímil, aquela realidade provável, que bem poderia estar a acontecer.

As imagens, as cores, os cheiros, as falas só se revelam representações soniais quando as pálpebras descerram e, então, os sentidos saem da zona fronteiriça entre o que estava e o que realmente existe ou supomos existir.

Depois, o desdormir a incitar apurações metafísicas e a constatação de que, em verdade, o céu jamais poderia ter matizes tão distintos quanto aqueles que se apresentaram à mente durante o sono, ainda que estivesse lindo.

Era o que parecia um terminal rodoviário, com dezenas de ônibus em suas plataformas a recolher e fazer descer passageiros incessantemente. Aguardava o intermunicipal que me levaria de volta... para onde mesmo?

O veículo chegaria a qualquer momento e eu tinha de embarcar. Seria melhor escrever que tinha de usar o meio de transporte, para evitar a catacrese? Não vem ao caso agora. O fato é que senti súbita vontade de comer um hambúrguer repleto de ketchup e mostarda e rumei à lanchonete, conquanto minha consciência insistisse em gritar que essa volição me faria perder o ônibus. Dei de ombros.
Acomodei-me em uma banqueta, pedi o sanduíche e pus-me a mirar um homem e sua filha, que se achegaram um tanto depois. Quando veio o pedido, entreguei-me a devorá-lo desbragadamente, com os molhos a escorrer pelas mãos. À cada mordida, a certeza de querer estar ali, como se disso dependesse minha felicidade. Nada mais importava. Amassei na mão a passagem e ri. Era um sonho. Desconexo. Como a maioria deles.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Frase


``A única maneira de se livrar de uma tentação é sucumbindo a ela''.


(Oscar Wilde)

Êta maldade, sô!

O vídeo é maldoso... mas não há como negar que não seja divertido

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Músicas e cifras

A postagem não está sendo fiel ao horário em que estou disponibilizando esses textos na rede. Agora são 5h30 e estamos tomando um Cousino Macul, cabernet sauvignon, safra 2007. O bicho é encorpado.
Léa está arrasando no violão. Repertório bárbaro, voz sem igual.

domingo, 19 de julho de 2009

Madrugada

É madrugada de segunda-feira, 20 de julho. O relógio do monitor mostra 3h40. Léa dedilha o violão e canta antigas modas de viola, raízes. Nesse instante está a emprestar sua voz à música João de Barro. Estamos tomando um vinho italiano, Dolcetto D'Alba, safra 2004 (não sei que nota daria o Saul Galvão, mas está ótimo).

Brotas

Brotas se destaca pelo ecoturismo e pelos chamados esportes de aventura, praticados nas dezenas (ou seriam centenas?) de cachoeiras que há no município.

Os tais esportes assumem nomes que para este rabiscador de meia idade soam como termos alienígenas, tais como acqua ride, canyoning, duck, kayak fun, KR9 (Kayak rafting), escalada indoor, entre outros mais palatáveis como canoagem, cavalgadas e bóia-cross (em que é craque o primo Jessé Prado Lyra).

Mas há muitos outros encantos na pequena cidade. Tal como em Jaú, é possível deparar com antigos casarões, maravilhosos, como esse da foto, que registramos no domingo. O turismo arquitetônico, além de encantar os olhos e a alma, é mais prudente ao corpo e não tem contra-indicações.

O ócio eleva e dignifica

Ieda Rhoden, psicóloga e mestre em administração defende o ócio construtivo como uma coisa importante a qualquer vivente. Esse ócio, que se traduz pelo tempo pessoal, o tempo usado livremente, segundo a psicóloga, é tão importante quanto o trabalho, a política, a religião e a família.

O ócio construtivo, conforme Rhoden, tem de ter 3 características: percepção de liberdade, encantamento e trazer desfrute.

"Se algo te deixa apático, aborrecido, não é ócio construtivo. Algo que te deixa tenso, com medo, quase pânico, que te sujeite à violência, não pode ser considerado ócio."

Viva as férias!!!! Ôlas! Hip-hip-hurra!!!!! Eia! Sus!

Trabalhar demais pode causar demência

A notícia foi divulgada em fevereiro pela BBC, mas no momento em que entro em férias, é saboroso relembrá-la.

Uma pesquisa liderada por cientistas finlandeses sugere que excesso de trabalho pode aumentar o risco de declínio mental e, possivelmente, de demência.

Demência, segundo a matéria, é um termo genérico que descreve a deterioração de funções como memória, linguagem, orientação e julgamento.

O estudo analisou 2.214 funcionários públicos britânicos de meia idade e descobriu que aqueles que trabalhavam mais de 55 horas por semana tinham menos habilidades mentais do que os que faziam o horário normal. Vixe! Olhaí: essa história de workaholic não está com nada, coisa bufada!

"As desvantagens das horas extras devem ser levadas a sério", afirmou a pesquisadora que liderou a pesquisa Marianna Virtanen, do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Frase

"Um computador tem duas operações básicas; o input - tudo que entra - e o output - tudo que sai. O que o input e o output fazem lá dentro é todo o mistério da informática."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Contagem regressiva

Tudo pede certa elevação, como já dizia Machado de Assis. Então, cá estou a sofrear o impulso de festejar antecipadamente minhas férias, que se avizinham!

Meu periodo de descanso se inicia na segundona e durante um mês estarei entregue ao ócio construtivo, dedicando-me a agradável ocupação de organizar alguns textos, reescrever outros tantos, com certa pachorra, mas muito tesão.

Contando as horas para a segunda! Até.

sábado, 4 de julho de 2009

Ôlas

Não quero trabalhar

Não quero almoçar

Só quero esquecer

E então fumo

(Tradução do refrão da música Je ne veux pas travailler)

Maus empresários

Essa turma que insiste em jogar papel em nossas garagens e quintais não perde a balda.
Incólumes, prosseguem em sua ação poluidora e incômoda.

Na semana que encerra, os eunucos que dirigem ou são proprietários do Montreal Magazine, da Redelar supermercados, do 1,99 Ortigoza contribuiram direta ou indiretamente para sujar minha garagem.

Teve quem jogou até panfleto de um consultório espiritual, que faz e desfaz qualquer tipo de trabalho, união, separação, quedas na lavoura, vícios em geral, depressão, insônia, impotência sexual, entre outros. Esconjuro!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Frase

"O ideal democrático melhor do que qualquer outro firma o culto dos grandes homens, fortalece a solidariedade humana e alevanta a justiça suprema da posteridade."

(Euclides da Cunha)

domingo, 28 de junho de 2009

O copo


O copo jaz sobre a mesa, vazio, e fico a mirá-lo em minha inata curiosidade em descobrir se há algum simbolismo esotérico no fato de ele estar próximo à extremidade que aponta para o Sul.

Estamos em uma comunhão solitária e, em meu desarrazoado raciocínio, tenho comigo que ele também me fita. Seria ele, o copo, ou minha alma doente que estaría desejando ser novamente preenchida?

Infiro que seja o copo, até pelo jeito que ele se porta, com sua inquisitiva imobilidade, as bordas convidativas, prontas a receber qualquer coisa, desde que não perca sua função de objeto pelo qual se bebe. Mas não estou convicto.

O copo está vazio e me desafia, sem intentar, a embocar toda sabedoria e desgraça do mundo, com uma felicidade cega, que não sei de onde vem, mas que existe e traz ímpetos de festar por todo o sempre, mesmo que não haja razão, embora motivo sempre haja.

Percebo, então, que o copo pode, muito mais que eu, ter alguma serventia e rendo-me. O copo não mais está vazio; o vácuo é meu.

O chef e compositor Giovanni Felippi

O talento do chef de cuisine Giovanni Felippi, não se restringe aos deliciosos pratos que prepara em seu restaurante, o Calzone, onde se come e se bebe bem em Jaú.

Em uma noite dessas, em que tudo clama por emergir e a Lua deve ter passado em Gêmeos, o homem resolveu registrar outra de suas habilidades, a de compositor, e gravou um videoclipe, que contou com a participação impagável de um de seus braços (não sei se o direito ou esquerdo), o Dema, e de outros colaboradores.

Com os leitores, compartilho o trabalho, que ele insiste em chamar de brincadeira, mas que ficou muito legal.



sábado, 27 de junho de 2009

*1958 +2009

VALEU, MICHAEL!






sábado, 20 de junho de 2009

Poluidores

Alguns empresários ou seus prepostos que atuam na área de marketing insistem em uma prática assaz ultrapassada e incômoda: mandam jogar dentro das nossas casas panfletos e tablóides publicitários que servem apenas para sujar as garagens e varandas.

Esses porcalhões deveriam se emendar e parar definitivamente com essas ações poluidoras e antipáticas. Sajac e Cidacar (Volkswagen); concessionária Javep (Chevrolet) e J. Mahfuz são alguns desses maus exemplos que jamais devem ser seguidos.

O dia que der na telha, vou juntar toda essa papelada e jogar no pátio dessas empresas ou no interior das lojas, para que sintam o quanto é desagradável.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Folia


2h45 - Madrugada fria na véspera do início do Inverno de 2009, que vai durar 93,66 dias, segundo leio no site do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura.

Chegamos há pouco do bar do Boca, onde devoramos deliciosa picanha preparada com maestria pelo Valter Renan do Prado.

Contrariando as recomendações médicas de controlar meu colesterol, confesso que antes da carne tomei um bom prato de sopa de mandioquinha e mandei goela abaixo um delicioso ovo frito, acompanhado por singela farofinha. Ou seja, foi uma folia!

Agora, com o estômago mais acomodado, vou rechaçar o frio com uma boa talagada de licor de uísque, posto que ninguém é de ferro.

Volto em breve, se não explodir. Até.

Liberdade


"A liberdade, a verdadeira liberdade, não é uma coisa que se decrete, que possa sair do espírito dos legisladores, como Minerva, armada e pronta à realização da sua ingente tarefa. É como direito, um produto cultural das sociedades, e como tal evolve, seguindo a direção de um desenvolvimento superior da inteligência e dos sentimentos." (Euclides da Cunha)

sábado, 13 de junho de 2009

Ausente

Ela se ausenta, sei que por algumas horas apenas, mas meu coração talvez não o saiba e se aflige.

Tudo a minha volta tem um tanto de sua história, de seus e nossos momentos. A tela sobre o cavalete, o notebook aberto em sua mesa, as mensagens da cabala afixadas com alfinetes no suporte de cortiça, o violão que suas mãos criadoras dedilham com delicadeza...

Ando pela casa vazia, contendo no peito um choro que teima em explodir; uma e outra lágrima escapam e molham meu rosto na manhã fria de junho.

No quarto, sobre o camiseiro, estão os bonecos de pelúcia, os sapinhos, a tartaruga que ela apelidou carinhosamente de Zequinha. Cheiro suas roupas que descansam no mancebo e o casaco deixado sobre a cama ainda por arrumar. Em seu criado-mudo, ao lado da Bíblia, estão os óculos que emolduram o rosto mais lindo que já mirei. Choro sua falta, desbragadamente, desavergonhadamente.

Ela só foi ao cabeleireiro. Mas a distância me põe a morrer.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Cemitérios

Passear pelos cemitérios virou mania e fonte de turismo em diversas cidades da Europa e começa a atrair turistas e estudantes também no Brasil.

Em Jaú, o historiador Fábio Grossi dos Santos, que também é professor de história, costuma levar seus alunos ao Cemitério Municipal, em um tour histórico e arquitetônico.

"Levando o aluno, ou interessado, ao cemitério com um olhar direcionado para a reflexão, ele poderá conhecer outra forma de encarar a História", diz o pesquisador. "Poderá ver que não vai encontrar os fatos, nomes e datas somente nos livros e apostilas. Vai ver também que não é só isso que trata a História. No cemitério ele vai perceber, ao olhar os túmulos e seu contexto, que lá estão contidos dados sobre a cultura de seu povo, seus costumes, sua religião, crenças, seu cotidiano, as condições sociais e econômicas, a arte e muitas outras coisas; não só hoje, mas também das gerações passadas e assim, vai ter uma base comparativa para analisar a dinâmica de sua sociedade. Perceberá assim, que a História pode estar em tudo a sua volta", explica.
Uma das fotografias que constam em seu projeto "A História de Jaú contada por seu cemitério", é do túmulo de meu tataravô, Major Francisco de Paula Almeida Prado, o Major Prado, que tomo a liberdade de reproduzir no blog.
A propósito, também sou fascinado pela arquitetura dos cemitérios e suas esculturas tumulares.

sábado, 6 de junho de 2009

Dia D

Hoje se comemora o 65º aniversário do desembarque aliado do Dia D na costa francesa. No dia 6 de junho de 1944, a ação dos aliados destruiu o poderio nazista sobre a França e mudou o rumo da História.
Hoje também é dia do meu aniversário. Quarenta e cinco anos. Putz! Como tudo passa depressa. A tal meia idade é um tanto assustadora. Vou parafrasear (uns dizem que a frase é do Raul Seixas, outros que é do Silvio Brito): "Parem o mundo que eu quero descer".

terça-feira, 2 de junho de 2009

O bufão do Planalto

Foto: Valter Campanato/ABr

Esse néscio que aparece aí na foto, com cara de unha encravada, é o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, um sujeito inepto que no final de semana chamou os produtores rurais de "vigaristas".

Talvez, em sua inocente ignorância, imagine que verduras, legumes, arroz, feijão, frutas, frango e carne surjam, como que por milagre, nas prateleiras dos supermercados. É triste.

Em alguns países da Europa, como a França, quando a agricultura passa por crises e falta apoio governamental, a população urbana sai às ruas, em apoio irrestrito aos produtores. Sabem os europeus que o alimento servido à mesa, é fruto da atividade rural. Têm consciência de que a borracha dos pneus de seus carros vem da extração do látex de um seringal; que suas roupas de algodão só os vestem porque algum agricultor investiu na cultura do algodoeiro e por aí afora.

Só o bufão do Minc não sabe.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Frase



"Não se vê sob os céus, nenhum animal, nenhum ser, nenhuma criatura que não tenha o seu adversário. É a lei da natureza."
(La Fontaine)

domingo, 10 de maio de 2009

Magê

Aproveito para sugerir a visita a dois blogs superlegais, de autoria de minha filhota Maria Eugênia, que tem enorme talento para a música e literatura. Puxada à mãe, Léa, meu amorzão.

para quem gosta de ler -
http://livrariaeletronica.blogspot.com/
para quem adora tocar -
http://partituraeletronica.blogspot.com/

Frase



"A vida, tal como a encontramos, é árdua demais para nós; proporciona-nos muitos sofrimentos, decepções e tarefas impossíveis. A fim de suportá-la, não podemos dispensar as medidas paliativas. (...) Existem talvez três medidas desse tipo: derivativos poderosos, que nos fazem extrair luz de nossa desgraça; satisfações substitutivas, que a diminuem; e substâncias tóxicas, que nos tornam insensíveis a ela. Algo desse tipo é indispensável."
(Freud, O Mal Estar na Civilização)

sábado, 2 de maio de 2009

Fantasma

Olhamo-nos e ela continuava linda. Não sei se apenas pensei ou se cheguei a dizer que lamentava os desencontros do passado, as palavras mal empregadas, os desatinos.

Também não sei se nos comunicávamos por palavras ou por pensamentos. Estávamos em um local que parecia os arredores de uma pequena cidade. Subimos num carro, ela dirigindo. Fiz uma piada. Se um guarda pára a gente, não vai enxergar ninguém e não vou ter como explicar isso. E rimos.

Era tarde, estávamos numa avenida. E nos distanciávamos do local de partida. Ela tinha necessidade de retornar. Fizemos o contorno e nos preparávamos para voltar, quando pedi que parasse o carro. Precisávamos experimentar. Ela parecia ter suas dúvidas. E assim mesmo, contrariando tudo, nos beijamos repetidas vezes. E, sim. Era possível sentir o contato, os lábios, as línguas, e era bom.

Mas precisávamos voltar. Havia pressa. Ela acordou. Olhou para o travesseiro ao lado, intato. Uma lágrima brotou. Eu era apenas uma lembrança, finda, desencarnada a visitar-lhe os sonhos.

Frase


"De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência."

(Millôr Fernandes, humorista, escritor, pensador)

Zé Nabuco lança 3º livro em Jaú



O escritor e artista plástico José Thomaz Nabuco de Araújo Filho, 50 anos, lança no dia 7 de maio, às 20h, no Espaço União Livraria, em Jaú, o livro Algumas Palavras, produção independente que traz poemas, ensaios e crônicas. O amor, a mulher e a amizade são abordados pelo autor de forma sensível e remetem as suas experiências e inter-relações com a vida.

Algumas Palavras, com 68 páginas, é a terceira obra literária de José Nabuco e deixa transparecer ao leitor toda a ternura do autor com as letras, com os sentimentos mais puros e simples, a evocar lembranças de um tempo menos pedregoso, no qual a lealdade não era apenas uma palavra dicionarizada; era presente.

O livro Algumas Palavras será vendido a R$ 15 e parte da renda será doada para a Casa da Criança. O Espaço União Livraria fica na Rua Campos Salles, 275.

sábado, 11 de abril de 2009

Taliscar


O pedreiro diz, assim, sem cerimônia, que antes de dar a massa iria taliscar a parede e só não fiquei com a face rubra porque pouca coisa me surpreende hoje em dia. Entretanto, asseguro que achei uma ousadia o bruto dizer aquilo na frente da minha mulher e pus-me a pensar se deveria simplesmente pedir-lhe satisfações ou emendar logo um gancho de direita.

Ocorre que estávamos sobre o mezanino e uma contenda àquela altura talvez não fosse prudente, sem contar que minha direita não é de um boxeur. Razões mais que suficientes para que procurasse desvendar o que, diacho, aquele sujeito havia dito, antes de tomar qualquer providência que assegurasse a defesa da moral e dos bons costumes na construção.

Ponderei que se o homem quisesse dar a massa isso era problema dele, posto que todos temos o livre arbítrio e vivo me policiando para desembaraçar-me de qualquer preconceito.

Mas aquela coisa de taliscar deixou-me totalmente intrigado. Reportou-me ao roqueiro Serguei, que certa feita admitiu publicamente que era pansexual e que havia mantido relação bíblica com uma árvore, algo meio mamífero-arbóreo, por assim dizer. E aquele pedreiro queria taliscar a parede, obra de alvenaria da minha casa! Desavergonhado!

Meu cérebro era uma ebulição. Tinha de fazer algo. O que pensaria minha mulher a meu respeito, se deixasse passar aquilo sem dizer palavra? Ensaiei mentalmente os golpes que aplicaria no sujeito: um soco no pescoço para obstruir-lhe a traquéia; um joelhaço nas partes baixas; com a sinistra acertar-lhe as têmporas, com a destra a ponta do queixo...

- O que você tem, Zé? – inquiriu minha cara-metade, com a voz doce costumeira. Tomei-a por um dos braços, para afastarmo-nos do pedreiro.
- A parede... esse sujeito quer taliscar e...bem...o que, afinal, ele quer dizer com isso?

Léa riu da minha inocência e da pouca intimidade com assuntos relacionados a construções. Pacientemente informou-me de maneira didática que os pedreiros costumam fixar pedaços de cerâmica na parede para que se possa dar a massa, de forma que fique tudo em nível e prumo da mesma espessura. Isso era taliscar.

Respirei aliviado. Não teria de me engalfinhar com ninguém.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Lei antifumo


O projeto de lei que veda o fumo em locais fechados em todo o Estado de São Paulo, aprovado dia 7 de abril pela Assembléia Legislativa, me empurra para a clandestinidade. Sou pela total desobediência civil.

Ara essa! Quando tomei conhecimento do teor do projeto, senti uma enorme vontade de soltar uma baforada das boas na careca lustrosa do José Serra, o governador. Para ver se lhe esquentava o cérebro.

A lei é imbecil, representa um desrespeito ao direito de liberdade e, portanto, inconstitucional. Pode abrir precedentes drásticos. Se a população aceitar passiva, não seria surpresa se surgir algum governador, careca ou não, querendo controlar até nossas idas ao banheiro.

O insuspeito jurista Ives Gandra Martins, que também é poeta de primeira linha, afirma que a lei é inconstitucional. Segundo ele, invade a competência da União ao legislar assunto de saúde pública e interfere na prerrogativa dos municípios de formular suas próprias legislações sobre o tema.

Uma coisa é certa: se realmente a lei vigorar como está seu texto, hei de encontrar botiquineiros que estejam dispostos, como eu, a ignorá-la olimpicamente.

sexta-feira, 27 de março de 2009

O e-mail


O homem é conhecedor de todos os segredos da terra, das plantas e da lida com os animais. Administra sua fazenda com extrema competência, o que o destaca como empresário rural bem sucedido. Mas não costuma dar o braço a torcer quando desconhece determinado assunto que lhe foge a alçada. Informática é um deles. Não sabe sequer para que serve o mouse. Contudo, não passa recibo.

Recentemente teve de transmitir informações para algumas pessoas acerca de um evento com animais e, finda a conversa, o interlocutor ou interlocutora, não sei ao certo, indagou se ele possuía um e-mail. Embora não soubesse nem do que se tratava, não perdeu tempo em pensar. Respondeu de pronto, na lata:

- Tenho dois, mas esqueci em casa.

domingo, 22 de março de 2009

Informática


Creio que tenha sido no início da década de 90 que fiz meu primeiro contato imediato de 3º grau com um microcomputador. Foi na redação do jornal Comércio do Jahu, onde ainda redigíamos os textos jornalísticos em vetustas máquinas de escrever Lexington, Olivetti ou Remington.

Os micros assemelhavam a caixotões e tinham o monitor com fósforo verde, que depois de algum tempo cansavam sobremaneira os olhos. Nenhum dos repórteres teve aulas de informática: aprendemos a escrever naquelas coisas de forma empírica, na raça mesmo. Um digitador que trabalhava conosco dava algumas dicas sobre uma e outra tecla especial e cada um que anotasse como negritar uma palavra, como salvar o texto, como copiá-los para os disquetes.

A princípio, fui meio relutante. Tinha comigo que jamais aprenderia a trabalhar daquela forma, com tantos comandos, mas fui me adaptando aos solavancos e acabei tomando gosto pela coisa. Havia, claro, contratempos. Lembro-me de certa feita em que acabara de redigir todo o material para o suplemento agrícola, que se chamava Jornal da Terra, já extinto, diretamente no disquete. Não fizera uma cópia de segurança, nada. Quando entreguei ao diagramador, o disquete não abria, havia dado pau, talvez porque estivesse muito cheio, não sei.

O fato é que estava com passagem comprada para São Paulo. Sairia de Jaú de madrugada, no ônibus da 1h30, em companhia do Joaquim Fernando Paes de Barros, o Kinando. Rumaríamos para a Capital, de onde, ato contínuo, embarcaríamos para Peruíbe.

Já era noite. Havia trabalhado ligeiro, para que houvesse tempo hábil de descansar, arrumar as malas, tomar um banho, antes de seguir viagem. Mas ocorreu aquilo, de o disquete não abrir. Amaldiçoei a informática e principiei a escrever tudo novamente, linha por linha, em ritmo frenético. No fim das contas consegui terminar a tempo.

Hoje, embora de quando em vez ainda tenha meus revezes com esses equipamentos, não há como negar que tudo está mais prático, limpo, ágil e funcional. A comunicação por e-mails, por exemplo, é fantástica. Na verdade era sobre os endereços eletrônicos que pretendia escrever, para contar o caso de um conhecido e de sua pouca intimidade com a internet. Mas acabei redigindo todo esse nariz-de-cera. Conto na próxima postagem.

Bal Masqué


Ela estava linda vestida de melindrosa, um pouco ansiosa, olhar meio triste. Subimos a escada centenária feito crianças. Era o primeiro baile de máscaras dos dois, e tudo o que fazíamos juntos pela primeira vez tinha um sabor especial.
O salão do Jahu Clube está cheio. Parentes e conhecidos brincando ao som de velhas marchinhas, que remetem a um tempo que a maioria não viveu, certamente uma época mais humana e alegre.
O interior do prédio de estilo neoclássico é suntuoso. Estaco a pensar nos bailes e carnavais de antanho naquele cômodo, os homens a fazer leves meneios com as cabeças para as senhorinhas, a orquestra, os pares circundando elegantemente...
O edifício foi inaugurado às 21h30 do dia 12 de outubro de 1917, ao som da orquestra dirigida pelo maestro Heitor Azzi. Depois da inauguração da sede, as administrações passaram a promover uma série de saraus literários, musicais e dançantes.
Na efervescência social da época e em pleno apogeu, o clube também recebeu pessoas conhecidas do cenário político e cultural. Visitaram-no o embaixador italiano Vito Luciani, o ex-governador do Estado de São Paulo Armando Salles e até o escritor Monteiro Lobato.
Agora estamos lá: a melindrosa e o malandro carioca balançando os corpos, procurando nos ambientar com ajuda de bom uísque. Ela se movimenta com graça, ritmada. Os olhos verdes revelam um tanto de meninice, um tanto de assombro, um tanto de esperança e deixam entrever o coração mais nobre que há, sem igual.
As marchinhas se sucedem. O malandro experimenta sensações mistas de encanto, paixão e insanidade. O salão parece mais cheio. Os fantasmas de antanho vieram se somar aos encarnados. Outra dose. Monteiro Lobato acena do outro canto. A vida é estranha mesmo.

sábado, 14 de março de 2009

Ói nóis aqui tra veiz

Sempre tive um problema muito sério em administrar meu tempo. Não adianta. Por mais que planeje, tenha em mente que conseguirei fazer tudo a que me propus, as coisas me escapam pelos dedos.

Prova disso é que há vários dias estou sem fazer uma nova postagem neste blog, embora meu objetivo fosse o de atualizá-lo diariamente. Objetivo soa meio morno. Necessidade. Tenho necessidade visceral em trabalhar as palavras, ainda que os resultados nem sempre saiam a contento.

Já estamos quase às vésperas da Páscoa, mas ainda pretendo escrever algo sobre o carnaval, o bal masqué que ocorreu no Jahu Clube. Peço aos leitores paciência.

domingo, 8 de março de 2009

Lorca

Não sei explicar as razões, mas senti enorme vontade de ler novamente algo de Federico Garcia Lorca e fiquei a navegar por alguns de seus poemas. Separei um em particular, que comungo com vocês.

¡Ay!


El grito deja en el viento
una sombra de ciprés.


(Dejadme en este campo,
llorando).


Todo se ha roto en el mundo.
No queda más que el silencio.


(Dejadme en este campo,
llorando).


El horizonte sin luz
está mordido de hogueras.


(Ya os he dicho que me dejéis
en este campo,
llorando).

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

A Marcha da Quarta-feira de Cinzas


Acabou nosso carnaval

Ninguém ouve cantar canções

Ninguém passa mais brincando feliz

E nos corações
Saudades e cinzas foi o que restou


Pelas ruas o que se vê

É uma gente que nem se vê

Que nem se sorri

Se beija e se abraça

E sai caminhando

Dançando e cantando cantigas de amor

E no entanto é preciso cantar

Mais que nunca é preciso cantar

É preciso cantar e alegrar a cidade

A tristeza que a gente tem

Qualquer dia vai se acabar
Todos vão sorrir

Voltou a esperança

É o povo que dança

Contente da vida, feliz a cantar

Porque são tantas coisas azuis

E há tão grandes promessas de luz

Tanto amor para amar de que a gente nem sabe


Quem me dera viver pra ver

E brincar outros carnavais

Com a beleza dos velhos carnavais

Que marchas tão lindas

E o povo cantando seu canto de paz

Seu canto de paz


(Composição: Vinicius de Moraes / Carlos Lyra)

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Folguedos Momísticos



Hoje vamos conferir o Baile de Máscaras do Jahu Clube.

Cá estou com calças brancas, camiseta listrada e meu inseparável chapéu Panamá, tal qual malandro de antigamente.

Só não sei ao certo como vou usar máscaras com esses óculos que sou obrigado a usar, posto que tenho os olhos míopes e astigmáticos.

Mas para tudo se dá um jeito e o que restar de mim retorna em breve para postar as novidades.

A todos um bom carnaval, divirtam-se, paz e bem.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Medo de dirigir


Minha Carteira de Habilitação traz que estou apto na Categoria C, que permite conduzir até pequenos caminhões utilizados em transporte de carga. Não obstante, tenho uma aversão enorme a dirigir veículos motorizados. Qualquer um. Enquanto a artrose não me pegar, confio mesmo é em minhas pernas e pés para me transportarem.

Está certo, está certo, admito. Aversão foi uma palavra inadequada. Verdade, verdadeira, sou vítima da chamada fobia de dirigir, que deve ter começado logo nos primeiros dias em que me vi com a carteira de motorista.

Emprestara um velho Fusca marrom de meu pai, para sair à noite, e ao tentar executar minha primeira baliza, na área central da cidade, acabei fazendo com que o carro abalroasse o veículo que se encontrava estacionado atrás. Nada sério, uma encostada, quase um beijo.

Havia muita gente na calçada e logo se formou uma platéia. Lembro-me de ter visto uma garota muito da chata gritando que eu permanecesse no local. Ela iria chamar o proprietário do carro. Mais pessoas se achegavam, pareciam brotar do asfalto. Estão todos rindo de mim, pensei, já em pânico. Houve, então, que em uma atitude de auto-preservação, engatei a primeira e volatilizei. Não porque pretendesse fugir à responsabilidade e, sim, porque precisava por um fim àquelas sensações corpóreas desagradáveis. Estava sucumbindo diante daquela multidão, dos risos, perdendo o controle.

Isso se deu há 27 anos e desde então nunca mais me atrevi a fazer uma baliza. Um divã talvez resolvesse tudo, mas não tive iniciativa para tanto. Continuei a dirigir, embora só o faça até hoje quando extremamente necessário. A falta de autoconfiança me impôs uma série de limitações e, não raro, só de pensar em assumir o volante provoca ansiedade, taquicardia, essas coisas. Não consigo ter familiaridade com as máquinas. Admiro-as por belas que algumas são, mas sempre olho com desconfiança. “Entro em vocês, mas não assumo a direção, nem adianta se insinuarem.” Tudo bem. Poderia ser pior: há pessoas que têm medo de banho, por exemplo.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Brasil deveria seguir exemplo de Minas

Uma notícia sobre o carnaval em Minas trouxe tênue esperança de que nem tudo está completamente perdido.

Deu na Agência Estado: três das mais visitadas cidades do circuito histórico de Minas Gerais - Ouro Preto, Mariana e São João Del Rey - vetaram axé, funk, rock ou sertanejo nos dias de folguedos momísticos.

Em programações patrocinadas pelas prefeituras e nos espaços públicos, só sambas e marchinhas de carnaval poderão ser executados nas festas. A medida, segundo a Agência, integra o projeto Carnaval das Cidades Históricas para resgatar o "carnaval de antigamente".

Minhas escusas aos apreciadores, mas penso que seria ótimo se o País inteiro adotasse permanentemente – e não só no carnaval - o veto a esses gêneros. Mesmo que fosse por Emenda Constitucional.

Exceção aos sertanejos raízes (leia-se Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Rolando Boldrin, Adauto Santos, Renato Teixeira, Almir Sater, Sérgio Reis e outros poucos contemporâneos)

APL elege novo acadêmico

No próximo dia 12 de fevereiro, quinta-feira, a Academia Paulista de Letras (APL) elegerá o imortal que ocupará a cadeira nº 12, aberta em 12 de setembro de 2008, com o falecimento do jornalista e escritor Benedicto Ferri de Barros. São candidatos os escritores: Afiz Sadi, Alex Oliveira Rodrigues de Lima, Evanil Pires de Campos, João Natale Neto, José Renato de Almeida Prado e Paulo Nathanael Pereira de Souza.

Após essa eleição, faltará o pleito para a composição da cadeira nº 36, vaga com o falecimento de Esther de Figueiredo Ferraz, para que a composição da APL fique completa. Apesar das eleições, a APL continua tentando angariar recursos pela Lei Rouanet para restaurar a sede antes das comemorações do centenário, que acontece no dia 27 de novembro deste ano.

Informações à Imprensa:
AZ Brasil Assessoria & Comunicação
55 11 3013-7506/3452-5814/9974-7473/7661-3256
Fernanda Campos - fernanda@azbrasil.jor.br;
Luís Fernando Zeferino - fernando@azbrasil.jor.br;

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Árvores

Vejam só que bom se a coisa virar. Recebo da Sociedade Brasileira de Silvicultura a informação seguinte:

Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei que obriga montadoras de automóveis a plantar árvores em número proporcional à quantidade de veículos que produzirem, independente de serem utilitários, caminhões ou máquinas agrícolas.

Para veículos até mil cilindradas, a montadora deverá plantar uma árvore; de mil a duas mil cilindradas, duas árvores; e três árvores para cada veículo com mais de duas mil cilindradas.

Para a montadora que não quiser colocar as mãos na terra, o projeto prevê o repasse ao Ibama do valor correspondente ao custo do plantio. O projeto ainda vai ser analisado em três Comissões.

Tenho cá minhas dúvidas de que o projeto será aprovado, mas não custa fazer figa e torcer.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Raul

No sábado, dia 24, eu e Léa arriscamos matar as saudades e reviver as composições de Raul Seixas, o eterno Maluco Beleza, na apresentação do Roberto Seixas, considerado o melhor cover do artista no Brasil.
Foi no Woodstock Music Pub e ficamos impressionados com a quantidade de gente que compareceu, jovens em sua maioria esmagadora.

Uma passagem, em particular, foi divertida. Uma jovem, conhecida da Léa, revelou surpresa com nossa presença.

- Vocês também curtem Raul?

Léa elegantemente limitou-se a responder um claro que sim e eu esforcei-me para conter o riso. Pensei, ato contínuo, em responder algo como: sim, garota, apesar de você achar que sou uma criatura pré-colombiana, sempre curti Raul. Mas calei.

Quando Raul Seixas estourou com seu segundo LP, Gita, em 1974, eu tinha apenas 10 anos e já era fã de algumas de suas músicas como Mosca na sopa e Metamorfose ambulante, que haviam sido lançadas no ano anterior. Seus maiores sucessos me foram apresentados por minha mãe, que tinha um eclético gosto musical e adorava o bruxo.

No ano em que ele morreu, em 1989, eu contava com 25 anos na cacunda e posso dizer que acompanhei grande parte de sua carreira, embora jamais tenha estado de corpo presente em uma apresentação musical do artista.

Uma vez surgiu uma oportunidade, não me recordo o ano, talvez 1981, quando ele se apresentaria no lendário Festival de Águas Claras, em Iacanga. Estava tudo combinado, seguiríamos em quatro ou cinco amigos, mas a coisa não virou. Creio que por falta de grana, não sei bem, minha memória não é mais a mesma.

De qualquer forma, foi legal constatar que o bruxo é atemporal e continue fazendo sucesso danado entre a rapaziada. Valeu! Essa foto aí, tirei lá, com o celular.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Escrever

Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar
e as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar

(João Cabral de Melo Neto - 1920-1999)

domingo, 25 de janeiro de 2009

Poluição

É uma afronta sem tamanho deparar, todos os dias, com folderes publicitários que as pessoas atiram na garagens de nossas residências.

Em Jaú, onde moro, é uma prática comum. A casa na qual habita minha família tem uma garagem com portão de grade que dá para a calçada, o que facilita a ação.

Como não bastasse colocarem panfletos sob o limpador de pára-brisa do veículo, quando está para fora, agora deram para poluir nossas garagens com todo esse lixo publicitário.

Não sei se os comerciantes que patrocinam a impressão e distribuição desses folderes atinaram para a chatice que é ter de recolher um amontoado de papel diariamente e jogar tudo no lixo. Deveriam pensar melhor a respeito.

Vou dar nome aos bois ou, melhor, aos poluidores. Em apenas um dia, atiraram para dentro um exemplar de um jornal chamado Folha Universal, panfletos de uma financiadora chamada Finamax, do centro de formação profissional H&S, do supermercado Ferracini, da Le Glamour moda íntima, do restaurante Frango na Brasa, da loja Seller, do Pet cursos profissionalizantes e folderes convidando rapazes e moças a ingressar na carreira militar. Olhaí, cambada. Ainda fiz propaganda para vocês de graça, sem poluir.

Os proprietários e gerentes dessas empresas deveriam se envergonhar de andar na contramão. Chega de poluir nossas casas! Emporcalhem seus próprios negócios e nos deixem em paz. Tenho dito.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Números

Depois de alguns dias chuvosos em Poços de Caldas, estamos de volta a Jaú para enfrentar 2009 e seus desafios.
A numerologia diz que estaremos todos sob a vibração cósmica do número 2 (resultado da soma de 2009 - 2+0+0+9= 11 e 1+1=2) - um dígito que, segundo os numerologistas, permite a aproximação de opostos.
Ainda não sei o que pensar sobre esses temas, confesso. Nunca me dei bem com números. Até minha santa mãezinha, já falecida, certa feita perdeu sua inesgotável paciência comigo, tentando explicar a operação matemática de dividir. Como eu não compreendesse, ela partiu em dois um lápis, lançou-me um olhar definitivo, e pôs-se a repetir: dividir, dividir! Aí, aprendi.
Mas minhas dificuldades com os algarismos permaneceram por toda a eternidade. Foi só depois dos 40 que consegui decorar o número de minha cédula de identidade, o R.G. E que ninguém me pergunte os números de meu CPF, do registro profissional de jornalista e da minha inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), porque não saberei responder. Tenho de consultar sempre.
De qualquer forma, queira Deus que o ano que principia transcorra sem muitos atropelos. Que os opostos realmente se aproximem, amém.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Poços é tudo de bom



Os primeiros dias de 2009 têm sido chuvosos em Poços de Caldas. Mas estão uma delícia!

O Ano Novo principiou com os champanhes espocando e um grupo musical a executar algumas coisas de gosto duvidoso no Hotel Minas Gerais, mas entramos na dança assim mesmo.

A ação física de um piá que brincava com uma enorme bexiga ao lado de nossa mesa, me deixou um tanto contrafeito. Não deu outra: o balão caiu sobre minha taça e tomei verdadeiro banho de champanhe. Sorri um sorriso amarelo para os pais do guri e controlei minha vontade de entornar a garrafa sobre os três. Fiquei mais calmo depois de Léa dizer que isso dá sorte. Oxalá!

Os dias que se seguiram foram de farta programação. Passeamos muito, revimos alguns locais, como o Recanto Japonês (esse aí na foto), conhecemos outros tantos, tudo realmente muito gostoso. Algumas passagens pretendo detalhar em postagens futuras.

Feliz 2009 a todos!