Aquele misterioso instrumento de sopro chamado vuvuzela tem dado o que falar, quer pela experiência singular que provoca no canal auditivo, quer por seu próprio nome, que tem sonoridade típica, distante do comum, embora remeta imaginariamente a situações habituais.
A pronúncia do vocábulo principia a requerer que se faça bico com os lábios nas duas primeiras sílabas, o que por si só já é risível. Tudo bem, falamos vovô, que também exige o mesmo movimento, mas vuvu tem algo inexplicavelmente engraçado. Vuvuzela, então, nem se fala.
Caso não denominasse aquela corneta esquisita, cairia bem a uma peça mecânica, por exemplo, uma contraparente da biela.
"Olha, doutor, o motor está bom. Diferencial está em ordem, disco de embreagem também. O problema era a vuvuzela, mas eu já troquei."
Igualmente soaria familiar a um prato italiano, desses servidos em gostosas e movimentadas cantinas.
"A casa oferece conchiglioni, rondeli, ravioli, tortelone, canelone, capeleti, talharim à putanesca e talharim à vuvuzela."
Pode-se conceber, ademais, o emprego da palavra para descrever ações que comumente se desenrolam entre homem e mulher, seja na alcova ou no escurinho do cinema.
"Haroldo não se aguentava mais. O perfume natural que emanava da pele de Escolástica mexia tanto com seus instintos que alquebraram seu pudor. Passou a xumbregar a moçoila, passeando suas mãos até chegar à vuvuzela".
Em sítios na internet, consta que a origem do nome vuvuzela tem teorias distintas. Um deles, publicado na página eletrônica do diário inglês Mirror, diz que a alcunha vem de uma das línguas oficiais da África do Sul, o zulu, e se traduz por fazedor de barulho (vuvu). Outra versão traz que seu significado seria "celebrem, unam-se", também em zulu.
Em outra página, deparo com uma terceira acepção, a de que vuvuzela em Isizulu, uma das onze línguas faladas na África do Sul, significa “falo comprido para soprar”. A raiz vuvu- significa “soprar” ou “por a boca em algo” e o sufixo -zela denota “objeto comprido e oblongo”. Vai saber, né?
O fato é que aquela corneta de plástico, a senhora vuvuzela, se transformou em uma das maiores polêmicas desta Copa do Mundo e foi alvo de reclamações de jogadores, técnicos e jornalistas. Chegou-se a cogitar que fosse proibida dentro dos estádios, hipótese totalmente descartada por respeito às tradições culturais dos sul-africanos.
Viva a vuvuzela, mexe a vuvuzela, balança a vuvuzela, sacode a vuvuzela! Dá-lhe Brasil!
José Renato, que colocação mais machista! Considerando que zela pode ser traduzido por falo de soprar, obviamente foi a mocinha, e não o parado, que chegou na vuvuzela.
ResponderExcluirE tenho dito!
Tens razão. Observação bastante apropriada
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