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quinta-feira, 24 de junho de 2010

Copa do Mundo

Léa foi a primeira a me dizer: "essa Copa do Mundo está muito esquisita".
Frente à minha costumeira e aparvalhada expressão de indagação, respondeu sentir que a competição havia perdido parte de seu brilho. Nem mesmo os torcedores pareciam envolvidos como de hábito. Tudo muito chocho.

Verdade. O próprio tetracampeão Mário Jorge Lobo Zagallo, com a experiência de seis Copas do Mundo na cacunda, declarou não estar gostando do futebol exibido pelas seleções no Mundial da África do Sul. "O nível técnico está muito baixo. É uma das piores (Copas) da história, pelo menos, que eu tenha visto", disse.

É, está esquisita mesmo. Suíça vence a Espanha, Itália eliminada, Japão jogando bonito, Inglaterra, França e Alemanha decepcionando, Brasil é uma incógnita e por aí vai. O que conta, até agora, é a vuvuzela.

Não entendo muito de futebol. Procuro manter-me minimamente informado sobre alguns times por obrigação profissional, mas quando se trata de Copa do Mundo sempre acompanhei, sem fanatismo ou paixão futebolistica. O Mundial, para mim, está associado a alegria e confraternização.

A primeira Copa da qual me recordo foi a de 1970, disputada no México. Contava apenas seis anos e sou sincero em dizer que não ficou registrado em minha memória alguma partida em particular. O que marcou mesmo foi o entusiasmo, a vibração, a emoção de meu pai a cada gol, a cada vitória ou frente a uma jogada sensacional.

Não me recordo de nada mais gratificante, a uma criança daquela idade, que ver o pai vibrando, gritando o gol, festejando, soltando rojões. Em minha cabeça, a premissa era a seguinte: a Copa traz alegria ao pai, então é boa.

Quando a Seleção chegava à pequena área ou marcava algum gol, sequer perdia meu tempo em olhar para a tela de nossa velha Phillips, imagem em preto e branco. Meus olhos estavam ligados no pai, em como sua expressão passava de apreensiva a esfuziante, nos pulos de alegria que dava. Sua felicidade era meu júbilo.

As Copas que se sucederam não tiveram o mesmo sabor. À medida em que ganhava anos, saia da infância, foi faltando açúcar. A de 1974 ainda acompanhei na casa, ao lado do pai e da mãe. Nas demais, já estava naquela fase a qual chamamos adolescência, assistia na casa de amigos ou primos. A confraternização passou, então, a ser a estrela da competição. Os jogos eram motivos para churrasco, cerveja e carraspana.

O Mundial de 2006 testemunhei ao lado da Léa, assim como o atual. É bom vê-la vibrar. Faz lembrar a alegria do pai.

Para matar a saudade, o tema da Copa de 1970.

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