Ela se ausenta, sei que por algumas horas apenas, mas meu coração talvez não o saiba e se aflige.
Tudo a minha volta tem um tanto de sua história, de seus e nossos momentos. A tela sobre o cavalete, o notebook aberto em sua mesa, as mensagens da cabala afixadas com alfinetes no suporte de cortiça, o violão que suas mãos criadoras dedilham com delicadeza...
Ando pela casa vazia, contendo no peito um choro que teima em explodir; uma e outra lágrima escapam e molham meu rosto na manhã fria de junho.
No quarto, sobre o camiseiro, estão os bonecos de pelúcia, os sapinhos, a tartaruga que ela apelidou carinhosamente de Zequinha. Cheiro suas roupas que descansam no mancebo e o casaco deixado sobre a cama ainda por arrumar. Em seu criado-mudo, ao lado da Bíblia, estão os óculos que emolduram o rosto mais lindo que já mirei. Choro sua falta, desbragadamente, desavergonhadamente.
Ela só foi ao cabeleireiro. Mas a distância me põe a morrer.
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