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sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Pimenta vermelha


 
 
Molhos e temperos sempre cativaram meu paladar. Valorizam alguns pratos e a outros são indispensáveis. Não concebo comer uma esfirra sem umedecê-la com molho de pimenta vermelha. O versátil bolonhesa torna saborosa qualquer coisa comestível. Nas massas também aprecio sem moderação os molhos branco e pesto. No dia-a-dia, não dispenso a cumari e gosto de abusar do ketchup e da mostarda.
A pimenta vermelha remete a tempos de há muito idos. A memória gustativa guarda lá, em suas prateleiras, os sabores da pipoca do Marcílio Levorato, o Cutia, dos kibes do Abib Soufen, o Bibo, dos pastéis da pastelaria Primavera, da família Kataoka, tudo sempre regado com a boa pimentinha.
O grau de ardência éramos nós quem decidíamos, bastando para isso sacudir o vidrinho de pimenta e despejar a quantidade que apetecesse. Ninguém olhava feio se abusássemos um pouco nessa ação de entornar o conteúdo.
Dia desses, entretanto, constatei, compungido, que o sistema econômico vigente lançou seus tentáculos até mesmo sobre os vidrinhos de pimenta! A busca desenfreada pelo lucro arrancou-me esse pequeno prazer.
Em um estabelecimento que comercializa salgados, pedi uma esfirra de carne e, ato contínuo, solicitei a pimenta. A funcionária mostrou-me uma bandeja sobre a qual havia uma dezena de copinhos para café, cada qual preenchido com um terço do molho.
Fiz menção de levar para a mesa a bandeja com todos os copinhos, mas a funcionária fez-me entender que me cabia apanhar apenas um – aquela coisinha de plástico com um tico de pimenta, que mal daria para bronzear minha esfirra! Triste, mas verdade!
 As coisas mudaram. Para pior.
 

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