Molhos e temperos sempre cativaram meu paladar. Valorizam
alguns pratos e a outros são indispensáveis. Não concebo comer uma esfirra sem
umedecê-la com molho de pimenta vermelha. O versátil bolonhesa torna saborosa
qualquer coisa comestível. Nas massas também aprecio sem moderação os molhos
branco e pesto. No dia-a-dia, não dispenso a cumari e gosto de abusar do
ketchup e da mostarda.
A pimenta vermelha remete a tempos de há muito idos. A
memória gustativa guarda lá, em suas prateleiras, os sabores da pipoca do
Marcílio Levorato, o Cutia, dos kibes do Abib Soufen, o Bibo, dos pastéis da
pastelaria Primavera, da família Kataoka, tudo sempre regado com a boa
pimentinha.
O grau de ardência éramos nós quem decidíamos, bastando para
isso sacudir o vidrinho de pimenta e despejar a quantidade que apetecesse.
Ninguém olhava feio se abusássemos um pouco nessa ação de entornar o conteúdo.
Dia desses, entretanto, constatei, compungido, que o sistema
econômico vigente lançou seus tentáculos até mesmo sobre os vidrinhos de
pimenta! A busca desenfreada pelo lucro arrancou-me esse pequeno prazer.
Em um estabelecimento que comercializa salgados, pedi uma
esfirra de carne e, ato contínuo, solicitei a pimenta. A funcionária mostrou-me
uma bandeja sobre a qual havia uma dezena de copinhos para café, cada qual
preenchido com um terço do molho.
Fiz menção de levar para a mesa a bandeja com todos os
copinhos, mas a funcionária fez-me entender que me cabia apanhar apenas um –
aquela coisinha de plástico com um tico de pimenta, que mal daria para bronzear
minha esfirra! Triste, mas verdade!
As coisas mudaram.
Para pior.
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