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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O piloto sumiu

Preciso compartilhar.

Lendo O Velho Capitão, do jornalista, escritor e compositor jauense David Nasser, deparei com divertido trecho no capítulo Patagônia, que leva o intertítulo O Vento.

Nasser escreve pequena passagem que teria ocorrido com Newton Braga, que participou do Raid Itália-Brasil, como navegador do hidroavião Jahú, a convite do empresário paulista João Ribeiro de Barros.

Vamos a ele:

“Dizem que o Brigadeiro Newton Braga, no tempo em que ainda voava, perdeu os seus óculos em pleno espaço. O vento zunia sobre a fuselagem do avião de caça e o bravo e míope caboclo do ar não enxergava nem mesmo os instrumentos de bordo. Descer, sim. Mas como? Era uma água quase cega e agora de asas partidas. Homem de decisão rápida, o ex-tripulante do “Jaú” atirou-se de pára-quedas e deixou o aviãozinho entregue ao próprio destino, planando como uma galinha-d’angola que um anjo sádico houvesse atirado da granja divina.

O brigadeiro aterrissou com os próprios pés, enquanto lá no céu o teco-teco ia perdendo altura, perdendo altura, e suavemente pousava, guiado por um capricho qualquer, há horta de um lavrador bronco, porque só os lavradores e os broncos sabem que neste país quem lavra a terra não tem tempo para ganhar dinheiro. O campônio, tal qual o chamaria Eça de Queiroz em dia de bom humor, meteu os olhos dentro da cabina e não viu ninguém. Olhou por baixo, nada. Ninguém saíra correndo do bojo daquele pássaro de lona. Sem discutir consigo mesmo, o lavrador voltou à choça, trouxe uma corda, amarrou o aparelho a uma árvore e correu à Escola dos Afonsos para avisar que de lá havia fugido um avião.”

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