Perder é verbo que corria-lhe nas veias. Desde a infância foi assim, acostumado a não vencer, malograr-se, deixar fugir – desditas que se entranharam com tal força que não causavam mais dor ou desaponto. Era um estado normal, por assim dizer.
Na adolescência, teve supresso o juízo; na juventude, as oportunidades; na vida adulta, deixou de se respeitar.
A ruína moral veio na esteira. Perdeu a inocência, a razão, os pais, a alegria, a mulher, os filhos, o emprego, o amor-próprio, os cabelos, os dentes. Por fim, perdeu a vida. E, então, ganhou.
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