Advogados

domingo, 1 de novembro de 2009

Finorinho

Abaixo, trecho do conto Finorinho, que faz parte de outro trabalho, que também está sendo concluído. Eita que vamos. Segue aí:


Arlindo não sabe precisar o exato momento em que desmoronou na frente de todos, na festa de aniversário do Martins. Sentiu que estava apagando, apagando, apagando e caiu como que um prédio no instante de sua implosão. Um desfalecer em slow motion, por assim dizer.

Foi um corre-corre danado. Os mais próximos cuidaram de acudi-lo; os mais distantes, instigados pela curiosidade, esticavam os pescoços. O que aconteceu? A versão majoritária era a de que, sendo um bebedor contumaz, o bruto embriagou-se tanto que deitou com os arreios.

Mas, na verdade, aconteceu que Arlindo, mais um casal de amigos que não via há muito, se postaram perto da churrasqueira, de costas para os outros convidados e, em absoluta discrição, aproveitando o vento favorável e a Lua em Júpiter, acenderam um baseado. De ótima procedência, por sinal, segundo se comentou.

Arlindo não se permitia a uma estultícia daquelas havia pelo menos uns bons vinte anos. Foram só uns peguinhas, mas o bastante para que a pressão arterial despencasse, levando consigo o corpo franzino para o chão.

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