O pedreiro diz, assim, sem cerimônia, que antes de dar a massa iria taliscar a parede e só não fiquei com a face rubra porque pouca coisa me surpreende hoje em dia. Entretanto, asseguro que achei uma ousadia o bruto dizer aquilo na frente da minha mulher e pus-me a pensar se deveria simplesmente pedir-lhe satisfações ou emendar logo um gancho de direita.
Ocorre que estávamos sobre o mezanino e uma contenda àquela altura talvez não fosse prudente, sem contar que minha direita não é de um boxeur. Razões mais que suficientes para que procurasse desvendar o que, diacho, aquele sujeito havia dito, antes de tomar qualquer providência que assegurasse a defesa da moral e dos bons costumes na construção.
Ponderei que se o homem quisesse dar a massa isso era problema dele, posto que todos temos o livre arbítrio e vivo me policiando para desembaraçar-me de qualquer preconceito.
Mas aquela coisa de taliscar deixou-me totalmente intrigado. Reportou-me ao roqueiro Serguei, que certa feita admitiu publicamente que era pansexual e que havia mantido relação bíblica com uma árvore, algo meio mamífero-arbóreo, por assim dizer. E aquele pedreiro queria taliscar a parede, obra de alvenaria da minha casa! Desavergonhado!
Meu cérebro era uma ebulição. Tinha de fazer algo. O que pensaria minha mulher a meu respeito, se deixasse passar aquilo sem dizer palavra? Ensaiei mentalmente os golpes que aplicaria no sujeito: um soco no pescoço para obstruir-lhe a traquéia; um joelhaço nas partes baixas; com a sinistra acertar-lhe as têmporas, com a destra a ponta do queixo...
- O que você tem, Zé? – inquiriu minha cara-metade, com a voz doce costumeira. Tomei-a por um dos braços, para afastarmo-nos do pedreiro.
- A parede... esse sujeito quer taliscar e...bem...o que, afinal, ele quer dizer com isso?
Léa riu da minha inocência e da pouca intimidade com assuntos relacionados a construções. Pacientemente informou-me de maneira didática que os pedreiros costumam fixar pedaços de cerâmica na parede para que se possa dar a massa, de forma que fique tudo em nível e prumo da mesma espessura. Isso era taliscar.
Ocorre que estávamos sobre o mezanino e uma contenda àquela altura talvez não fosse prudente, sem contar que minha direita não é de um boxeur. Razões mais que suficientes para que procurasse desvendar o que, diacho, aquele sujeito havia dito, antes de tomar qualquer providência que assegurasse a defesa da moral e dos bons costumes na construção.
Ponderei que se o homem quisesse dar a massa isso era problema dele, posto que todos temos o livre arbítrio e vivo me policiando para desembaraçar-me de qualquer preconceito.
Mas aquela coisa de taliscar deixou-me totalmente intrigado. Reportou-me ao roqueiro Serguei, que certa feita admitiu publicamente que era pansexual e que havia mantido relação bíblica com uma árvore, algo meio mamífero-arbóreo, por assim dizer. E aquele pedreiro queria taliscar a parede, obra de alvenaria da minha casa! Desavergonhado!
Meu cérebro era uma ebulição. Tinha de fazer algo. O que pensaria minha mulher a meu respeito, se deixasse passar aquilo sem dizer palavra? Ensaiei mentalmente os golpes que aplicaria no sujeito: um soco no pescoço para obstruir-lhe a traquéia; um joelhaço nas partes baixas; com a sinistra acertar-lhe as têmporas, com a destra a ponta do queixo...
- O que você tem, Zé? – inquiriu minha cara-metade, com a voz doce costumeira. Tomei-a por um dos braços, para afastarmo-nos do pedreiro.
- A parede... esse sujeito quer taliscar e...bem...o que, afinal, ele quer dizer com isso?
Léa riu da minha inocência e da pouca intimidade com assuntos relacionados a construções. Pacientemente informou-me de maneira didática que os pedreiros costumam fixar pedaços de cerâmica na parede para que se possa dar a massa, de forma que fique tudo em nível e prumo da mesma espessura. Isso era taliscar.
Respirei aliviado. Não teria de me engalfinhar com ninguém.
Gostaria de saber se o tal pedreiro também já passou a mão na estumbalafidinha?
ResponderExcluirUia! Isso eu não sei. Se enquadra em algum dos sete pecados capitais?
ResponderExcluirGrande abraço, Reina!
Precisa melhorar seu conheciento sobre a coisa, meu caro.
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