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domingo, 22 de março de 2009

Bal Masqué


Ela estava linda vestida de melindrosa, um pouco ansiosa, olhar meio triste. Subimos a escada centenária feito crianças. Era o primeiro baile de máscaras dos dois, e tudo o que fazíamos juntos pela primeira vez tinha um sabor especial.
O salão do Jahu Clube está cheio. Parentes e conhecidos brincando ao som de velhas marchinhas, que remetem a um tempo que a maioria não viveu, certamente uma época mais humana e alegre.
O interior do prédio de estilo neoclássico é suntuoso. Estaco a pensar nos bailes e carnavais de antanho naquele cômodo, os homens a fazer leves meneios com as cabeças para as senhorinhas, a orquestra, os pares circundando elegantemente...
O edifício foi inaugurado às 21h30 do dia 12 de outubro de 1917, ao som da orquestra dirigida pelo maestro Heitor Azzi. Depois da inauguração da sede, as administrações passaram a promover uma série de saraus literários, musicais e dançantes.
Na efervescência social da época e em pleno apogeu, o clube também recebeu pessoas conhecidas do cenário político e cultural. Visitaram-no o embaixador italiano Vito Luciani, o ex-governador do Estado de São Paulo Armando Salles e até o escritor Monteiro Lobato.
Agora estamos lá: a melindrosa e o malandro carioca balançando os corpos, procurando nos ambientar com ajuda de bom uísque. Ela se movimenta com graça, ritmada. Os olhos verdes revelam um tanto de meninice, um tanto de assombro, um tanto de esperança e deixam entrever o coração mais nobre que há, sem igual.
As marchinhas se sucedem. O malandro experimenta sensações mistas de encanto, paixão e insanidade. O salão parece mais cheio. Os fantasmas de antanho vieram se somar aos encarnados. Outra dose. Monteiro Lobato acena do outro canto. A vida é estranha mesmo.

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