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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Todos para o xilindró

O fato ocorreu no dia 4 de janeiro de 1915, na cidade de Jaú, e foi reportado pelo jornal Comércio do Jahu, em sua edição de 6 de janeiro daquele ano.

Consta que os moradores das adjacências do largo do Theatro assistiram a um espetáculo o mais irrisório que um bêbado pode oferecer. Mantive a grafia da época.

"Trata-se do indivíduo Euclides de Oliveira que fortemente enfluenciado pelas libações alcoólicas, divertia-se saltando e rolando pelas ruas da cidade, atrahindo com as suas palhaçadas a attenção de todos os transeuntes e de uma leva de garotinhos que o apupavam em fartas gargalhadas.

Nas proximidades da ponte da rua Major Prado estacionavam-se duas carroças. Em uma dellas, tiradas por cinco burros, o embriagado metteu-se por entre os animaes, confundindo-se com os mesmos e embrullhando-se nas correntes. O conductor que até então permanecia em uma venda próxima, ao ver a iminência de seus animais dispararem e o perigo que corria o inconsciente individuo, exasperou-se e com pragas e phrases coléricas desvencilhou-o das correntes.

Em outra carroça Euclides, possuidor de rara agilidade e de algum exercício eqüestre, firmou um salto formidável, alçando-se por cima dos animaes e cahindo redondamente sentado dentro do vehiculo, com riscos de sérias avarias em suas faculdades. Nesta altura alguém, das muitas pessoas que presenciavam as proezas do bêbado, mais receoso de qualquer excesso por parte do mesmo, telephonou a cadea solicitando duas praças.

A nota duplamente cômica do fato, verificou-se aqui: um dos soldados que compareceram ao chamado achava-se mais bêbado que Euclides e lá se foram, apoiados um no outro, soldado e preso, cambaleando rua acima, apenas auxiliado pelo segundo militar que com difficuldade os conduziu à cadea.
Ali, o digno alferes commandante, parodiando trechos do Conde de Luxemburgo, entoou:
Vamos já pra o xadrez. Todos os três, todos os três. E foram."

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