Advogados

sábado, 2 de maio de 2009

Fantasma

Olhamo-nos e ela continuava linda. Não sei se apenas pensei ou se cheguei a dizer que lamentava os desencontros do passado, as palavras mal empregadas, os desatinos.

Também não sei se nos comunicávamos por palavras ou por pensamentos. Estávamos em um local que parecia os arredores de uma pequena cidade. Subimos num carro, ela dirigindo. Fiz uma piada. Se um guarda pára a gente, não vai enxergar ninguém e não vou ter como explicar isso. E rimos.

Era tarde, estávamos numa avenida. E nos distanciávamos do local de partida. Ela tinha necessidade de retornar. Fizemos o contorno e nos preparávamos para voltar, quando pedi que parasse o carro. Precisávamos experimentar. Ela parecia ter suas dúvidas. E assim mesmo, contrariando tudo, nos beijamos repetidas vezes. E, sim. Era possível sentir o contato, os lábios, as línguas, e era bom.

Mas precisávamos voltar. Havia pressa. Ela acordou. Olhou para o travesseiro ao lado, intato. Uma lágrima brotou. Eu era apenas uma lembrança, finda, desencarnada a visitar-lhe os sonhos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário