Sempre fui cinéfilo. Talvez tenha herdado o gosto de meu pai, que adorava uma fita, termo que usava para se referir a um filme.
Confesso que nunca fui - e continuo não o sendo - muito criterioso para a escolha das produções. Costumava assistir tudo o que me chegava às mãos ou estivesse a altura delas nas prateleiras das locadoras.
Hoje freno minha impulsividade por conta da Léa, mas, ainda assim, vez em quando derrapo e acabo locando algo que comumente seria recebido com o Framboeza de Ouro, aquele prêmio cinematográfico que parodia o Oscar, concedido aos piores filmes produzidos ao longo do ano.
Minhas recordações cinematográficas invariavelmente me transportam ao extinto Cine Jaú. Foi lá que assisti ao primeiro filme proibido para 14 anos de minha vida. Tinha 12 na cacunda e precisei falsificar a carteirinha de estudante do Instituto de Educação Caetano Lourenço de Camargo.
O resultado ficou grosseiro, mas consegui varar a portaria, depois de o porteiro e o inspetor de menores conferirem demoradamente minha fotografia. A fita era Doutor Jivago. Nossa! Lá se vão 33 anos desde então.
O Cine Jaú foi demolido; deu lugar a uma agência bancária, fria, impessoal. Mas o velho cinema ainda existe no coração de cada um dos que tiveram a oportunidade de conhecê-lo.
Para matar a saudade, a foto do belo, também do arquivo do seu Ítalo Poli.